SONAR NA IMPRENSA - 12/01/2014

Perfil conservador ou moderado?

 

No início do ano, começam a aparecer, na imprensa, previsões e recomendações de investimento. É oportuno aproveitar esta oportunidade para explicitar dois pontos que consideramos fundamentais para investimentos bem sucedidos: 1) a diferença de postura entre o Gestor de Investimentos e o Alocador de Recursos; e 2) o conceito de “investimento conservador ou moderado” frente aos diversos cenários macroeconômicos.

 

O Gestor de Investimentos normalmente tem uma abordagem realmente abrangente, pois considera um número maior de alternativas de investimento que o Alocador de Recursos: as posições vendidas. Qualquer investidor pode assumir tais posições, vendido em bolsa, em renda fixa, em câmbio, mas sua operacionalização é tão mais complexa que normalmente apenas o Gestor profissional tem a estrutura adequada para sua implementação.

 

Enquanto é comum o Alocador recomendar que se deixe uma parcela dos recursos aplicada em CDI (Certificado de Depósito Interbancário) para aproveitar as oportunidades que podem surgir no futuro, o Gestor, por outro lado, normalmente procura as melhores oportunidades disponíveis hoje e usa os investimentos em CDI apenas para ajustar o nível de risco da carteira. As decisões são baseadas na avaliação dos ativos, a exemplo do dólar, ouro, petróleo, bolsa brasileira, bolsa americana, juros no Brasil, juros nos Estados Unidos, etc. e na análise macroeconômica.

 

Um estudo publicado pela Bain & Co., uma das melhores consultorias estratégicas do mundo, revela que uma carteira equilibrada hoje tem que ter algum ativo vendido, pois as correlações dos ativos se alteraram radicalmente nos últimos anos. A SONAR recomenda atualmente a venda de ações brasileiras, compra de dólares, venda de cobre, venda de ouro e venda de renda fixa do governo dos EUA, por exemplo. Estas recomendações são válidas tanto para o cliente fazer as posições na sua carteira de pessoa física ou via um fundo. A recomendação de “ficar vendido” numa determinada posição é cada dia mais comum.

 

Acreditamos que existe uma série de investimentos considerados bons em cada momento, mas, além disso, há aqueles investimentos que tendem a dar bons resultados em momentos de problemas no mercado em geral, o que é uma vantagem adicional e procuramos ter este tipo de investimento sempre. A compra de dólares, por exemplo, além de ser um bom investimento hoje, tende a proporcionar ganhos adicionais em momentos de stress no mercado. É uma proteção extra para o cliente. Estar comprado em dólares é muito arrojado? Não em um percentual compatível com o restante da sua carteira e com seu nível de volatilidade desejado. “Eu sou conservador, portanto considero o investimento em dólares arriscado”. Em nossa opinião, arriscado é ficar sem dólares neste momento. Se o seu perfil é conservador ou arrojado o que muda é o nível de volatilidade projetado para a sua carteira. Não os investimentos recomendados.

 

Da mesma forma alguém poderia argumentar: ficar vendido em bolsa é muito arriscado, isso não é uma recomendação para um investidor moderado. Em nossa opinião, ficar comprado em bolsa é que é arriscado neste momento. O mundo está entrando numa fase de ajuste de juros que deverá ser longa e muito arriscada para os países emergentes como o Brasil. Vejam que a opinião macroeconômica é fundamental para se dizer o que é arriscado, o que é conservador ou moderado.

 

O mundo dos investimentos é cada vez mais sofisticado e requer cada vez mais profissionalismo. Esperamos poder contribuir com o debate positivo no sentido de aprimorar as estratégias de investimento para levar o Brasil a uma posição de cada vez mais destaque no cenário internacional.

 

Ricardo Ribeiro – Sonar Investimentos – Equipe de Gestão

Fonte: Artigo do jornal Estado de Minas